Fotos de Paulo Teixeira e Miguel Gouveia
Hoje vou-vos deixar com um dos trabalhos que fiz neste verão de 2008, de certeza um dos mais gratificantes, se não o mais, que fiz ao longo destes anos, e por vários aspectos distintos: técnicos, paisagísticos, sociais e emocionais.
É o calcetamento do largo da Fajã dos Cubres, na espectacular ilha de São Jorge, Açores.
Trabalhar numa fajã, que só por si já é um motivo de prazer, envolto numa verde paisagem deslumbrante entre mar e arribas na ordem dos 700 metros de altitude, não acontece sempre. Desfrutar da paisagem e do meio natural que nos rodeia enquanto trabalhamos é um tempero saboroso para a alma.
O tipo de trabalho a realizar, a recuperação da zona pedonal no largo e ao redor da igreja, dando um novo impacto visual a um espaço que já carecia de um aspecto renovado, e a forma de execução de calçada que foi utilizada, em basalto, uma nova forma de aplicação de leques utilizado pela primeira vez em Portugal, ao qual chamo “coquilles”, forneceu a todos que colaboraram, uma carga emocional forte e uma fonte de satisfação durante a execução da requalificação do espaço. Podem-se observar as melhorias na foto.
Foi ainda para mim uma vivência agradável, quer o constante convívio com a boa gente desta terra, quer com transeuntes e com turistas vindos de toda a parte, dado o natural interesse despertado pelas gentes na observação da execução dos trabalhos artísticos em pedra natural. Visto não ser este o tipo de revestimento de chãos mais comum nas terras de onde são oriundos , foi origem de uma sociabilização e intercâmbio cultural entre nós, dada a sua natural curiosidade em saber mais pormenores.
Apesar de já me ser usual, a componente artística da obra continua a ser uma referência a salientar.
São estes os factores que fazem com que o calcetamento do largo da Fajã dos Cubres seja indelevelmente dos trabalhos que mais gostei de fazer!